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Foto do escritorAline Brettas

Colômbia: a hora e a vez de Medellín

Atualizado: 3 de set. de 2022

Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2022


Estivemos durante cinco dias, em Medellín. Ao contrário de Bogotá e Cartagena, não recebemos muitas dicas para o roteiro, e as fontes consultadas são pouco conhecidas. Desse modo, não estávamos com tantas expectativas.


Na primeira noite, chuvosa, fomos para um show gratuito, oferecido pela prefeitura da cidade, no Teatro Metropolitando José Gutiérrez Gómez. A atração musical ficou por conta dos instrumentistas suiços Andi Pupato e Enrico Lenzin, originais e irreverentes, que tocaram ritmos colombianos em instrumentos de sopro e percussão pouco conhecidos pelo público leigo (eu mesma, a propósito, não me lembro do nome de nenhum deles!). Som de altíssima qualidade, saímos de lá bem satisfeitos com a experiência musical.


Nós nos hospedamos na região de El Poblado, arborizada e com ótima disponibilidade de hotéis e restaurantes e, por isso, muito procurada pelos turistas. Apesar de ser um local muito agradável, confesso que inicialmente me senti incomodada. Trata-se de um bairro elitizado e, embora seja atendida por uma estação de metrô, tem pouca movimentação de transeuntes, já que a maioria circula de carro. A impressão foi de que o município seria meio artificial, com espaços criados para fomentar o turismo, o que é ótimo, mas faltava-me a espontaneidade das cidades, com seus moradores e vivências (já escrevi sobre minha paixão por cidades, se quiserem, vejam meu blog, he he).


Além disso, ainda em El Poblado, conhecemos o Parque Lleras, um enorme complexo gastronômico e de entretenimento, com várias (várias, mesmo!), opções de restaurantes, cafés e casas dançantes, o que faz a vida noturna da cidade ser conhecida como uma das mais movimentadas do mundo! Primeiramente, comemos em um bar mais alternativo, e depois paramos em uma boate (não me perguntem os nomes porque eu não me lembro!), com clientela animadíssima. Algumas músicas eu gostei, outras nem tanto, mas a energia do lugar era bem vibrante. É diversão garantida! O parque, embora seja frequentado também pelos habitantes de Medellín, foi criado para atrair turistas e pelo que vi, está dando super certo!


Nos dias seguintes, senti mais a região. Nos deslocamos bastante de metrô e assim, tivemos contatos com outras realidades. Claro que visitamos um grande museu, o Antioquia, com exposições bem montadas, inclusive uma de Fernando Botero. Aliás, localizado em uma praça com diversas esculturas do artista, achei isso muuuito legal!



Eu e Alessandro na Praça Botero. Foto: acervo pessoal.



Conhecemos outros equipamentos com propostas diferentes, como o Parque Científico Explora e o Parque Árvi, para o qual fomos de metrocable, um teleférico muito bem estruturado, que além do transporte ao parque, atende a várias comunidades.



Free your mind. Entrada do Bosque Árvi. Foto: acervo pessoal.

A cidade passou por uma reforma urbana significativa, com o intuito de fomentar o turismo, mas também notamos melhorias no cotidiano dos moradores. O sistema de metrô abarca diferentes trajetos; e os bairros foram contemplados por vários parques biblioteca. Não foi possível conhecê-los, mas espero ter essa oportunidade. Nos lugares frequentados, fomos atendidos com cordialidade e profissionalismo, por funcionários treinados que se comunicam em espanhol e em inglês.


Não é só glamour, um caminho para o desenvolvimento ainda precisa ser percorrido. Inúmeras favelas circundam o município. O centro está tomado por camelôs e lojinhas, dificultando o trânsito de pedestres e veículos. A Praça Botero não recebe os devidos e merecidos cuidados de limpeza e preservação. Aliás, lamentavelmente não foi preservado o centro histórico, mas uma réplica foi construída: o Pueblito Paisa, com mostras da arquitetura típica de uma simpática vila colombiana. Muito bonitinha, mas claro que não é a mesma coisa.


Estivemos em uma das comunidades atendidas pelo metrocable. Aparentemente, tudo bem organizado, considerando-se as condições locais: ruas asfaltadas, escola, lojas diversas, rede de esgoto. Me senti bastante segura! O Alessandro fez umas comprinhas, e os vendedores foram muito simpáticos.



Vista do metrocable. Ao fundo, trecho da Cordilheira dos Andes. Foto: acervo pessoal.

Fiz questão de estender esse relato, para mostrar um pouco da cidade que, por seu passado trágico e não tão distante, é ainda percebida com apreensão por muitos brasileiros. Contudo, ela segue em frente, fiquei muito feliz por ter testemunhado o grande salto que foi dado. Medellín está de parabéns!

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